Ansiedade na Infância e Adolescência, a porta de entrada para outros transtornos na vida adulta.

“A infância e a adolescência são fases de risco central para o desenvolvimento de sintomas e síndromes de ansiedade, variando de sintomas leves transitórios a transtornos de ansiedade totalmente desenvolvidos”. Beesdo, 2009.

“A ansiedade em crianças pequenas causa prejuízo, interfere no funcionamento da família e nas relações pais e filhos e pares, e afeta negativamente a qualidade de vida, resultando em baixa autoestima e baixo desempenho acadêmico”. Mian, 2011.

Ansiedade na infância são fatores de risco para outros problemas de saúde mental, como: transtornos da conduta, transtornos de humor, depressão e suicídio.

Nas crianças os sintomas se apresentam como: dor de cabeça, dificuldade para respirar, dor de barriga, palpitações, tremores, sudorese excessiva, náusea, tontura, diarreia, medo de perder o controle, medo de não atingir as expectativas, preocupação com o futuro, dificuldade de concentração, nervosismo, timidez excessiva, medo de dormir fora de casa, comportamentos repetitivos, hipervigilância, insônia. A intensidade e a frequência causam muito sofrimento, e estão associados a desfechos negativos, como: prejuízos no desempenho escolar, social e profissional.

Os fatores ambientais são fatores de risco para a ansiedade, como: a ansiedade e depressão da mãe, fatores genéticos-filhos de pais ansiosos e depressivos têm sete vezes mais probabilidade de desenvolver ansiedade, a exposição a violência doméstica, conflitos entre os pais, separação dos pais, traumas, etc. Tais exposições levam as crianças e adolescentes a interpretarem o ambiente como imprevisível e perigoso. Também fatores de risco sociodemográficos, como: viver na pobreza, ter uma mãe adolescente ou solteira, educação familiar limitada e etnia.

Como distinguir se os medos e angústias são passageiros: a evitação é o comportamento mais revelador, se mesmo quando tudo vai bem a criança se mostrar preocupada, reclamona, é sinal de que as coisas não estão bem.

Transtornos de Ansiedade são os mais comuns entre crianças e adolescentes, em torno de 15% a 20%. Os mais comuns: Transtornos de Ansiedade de Separação, Transtorno de Ansiedade Generalizada, Fobia Social, Fobias Específicas e Transtorno de Estresse Pós- Traumático.

Transtornos de Ansiedade de Separação: quando as crianças são separadas da figura de apego-pais, vivenciam reações emocionais de estresse inapropriadas para o período de desenvolvimento. Este é o transtorno mais diagnosticado na primeira infância, prevalência de 7,6%, é uma porta de entrada para o transtorno do pânico na adolescência e início da vida adulta, distúrbios de transição sono-vigília ou outras parassonias (terrores noturnos, enurese, sonambulismo, bruxismo, etc).

Fobias específicas: são medos específicos ou medo sociais, afetam quase todas as crianças e adolescentes, caracterizado por um ou mais medos persistentes que causam sofrimento e prejuízo para a vida da criança e do adolescente. A relevância da fobia específica varia em função da natureza dos medos (medo de animais, de espaço fechado, de escuro, de sangue, injeção, ferimentos). A prevalência é de 2,9 %.

Ansiedade generalizada: caracteriza-se por estado de alerta, as crianças tendem a se preocupar excessivamente com sua competência ou a qualidade de seu desempenho, o foco da preocupação pode alternar de uma preocupação para outra, também podem experimentar sintomas somáticos (sudorese, náusea, diarreia, batimentos cardíacos acelerados, falta de ar, tontura), etc. Os pais nem sempre percebem os sinais de alerta.

Em adolescentes há a presença de irritabilidade e ansiedade crônica, ataques de raiva desencadeados por pressões sociais, mudanças na vida, demandas de desempenho escolar, estresse relacionados ao perfeccionismo e agressividade, frustrações, etc.

Transtorno de Estresse Pós-Traumático: quando a criança e ou o adolescente é exposto a episódios concreto ou ameaça de morte, lesão grave, violência sexual, testemunhar, saber ou ser exposto, lembranças, sonhos. Comporta-se a evitar estímulos traumáticos: evitar lembranças externas (pessoas, lugares, conversas, situações) que despertem recordações, pensamentos ou sentimentos angustiantes da situação traumática. Pode demonstrar estados emocionais negativos, como culpar a si mesmo e os outros, medo, pavor, raiva, vergonha, falta de interesse ou atividades reduzidas, distanciamento, irritação, surtos de raiva, perturbação do sono, dificuldade de concentração, entre outros. Essas perturbações podem durar mais de um mês, acarreta em prejuízos em diversas áreas da vida.

O tratamento consiste em acompanhamento com médico psiquiatra da infância e adolescência para medicação, e Terapia Cognitivo Comportamental que hoje é uma das mais indicadas.

O tratamento psicológico é dividido em estratégias facilitadoras e exposição às situações temidas, que visa ensinar a criança a reconhecer sinais de ansiedade, utilizando-os para enfrentá-la. A criança aprende a identificar os processos cognitivos envolvidos no estado de excessiva ansiedade e recebe treinamento em relaxamento. O treino de habilidades sociais (THS) e de assertividade (TA): diminuir a passividade e a sensação de impotência ou raiva. Manejo do estresse: o paciente é orientado a identificar os sinais que indicam um aumento de sua ansiedade e a utilizar a distração e/ou um exercício respiratório de maneira a não permitir que a ansiedade aumente. Técnicas de relaxamento: diminuição da ansiedade basal e também favorecem a percepção do autocontrole da ansiedade.

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